Este é um diário de uma beesha alucinada, cheia de aventuras insanas e pensamentos desconexos, à base de remédio controlado e de porradas que a vida dá na cara!

Sunday, September 02, 2007

Mágoa de cabocla

São 6h10 da manhã de domingo.
E meio que acabei de chegar em casa.
Estava numa festa muito maneira e descolada, cheia de antenadinhos, alternativos, gente cool e vários outros tipos. Gay ou não.

Não consigo dormir.
Não que eu fique pilhado demais quando chego da noitada,a ponto de encontrar (mais) dificuldades pra dormir.
Mas é que eu estou com uma sensação muito incômoda.
Na verdade, muitas pequenas sensações incômodas dentro de mim, que culminam num bololô de pensamentos e não me deixam dormir.


Tem uma banda chamada "3 Doors Down", cujas músicas andam me assombrando.
Uma diz assim:

You’re getting closer
To pushing me off of life’s little edge
Cause I’m a loser
And sooner or later you know I’ll be dead
You’re getting closer
You’re holding the rope and I’m taking the fall
Cause I’m a loser, I'm a loser!

Em alguns momentos, eu tenho me sentido assim, um loser total.
Não que eu pense em suicído, porque essa fase da minha vida já passou faz tempo.
Mas eu ando me sentindo meio cansado.

Cansado de me sentir rejeitado, de olhar pros casais (mesmo os casais de uma balada) e pensar "por que não eu?" e me sentir sempre um rejeitado, um excluído, um alguém que não pertence a este mundo.

Porra, eu sou um cara inteligente.
Eu sou legal. Eu falo bem, eu sou divertido, danço bonitinho.
Mas eu sou gordo!
E, infelizmente, seja na noitada, seja na vida, a maioria esmagadora das pessoas quer mesmo um abdômen sarado...

Sabem (vírgula-pessoas-que-não-lêem-esse-blog-porque-eu-não-divulgo), eu tô cansado.
Tô francamente enjoado de ouvir os meus amigos me dizerem que eu sou "uma das pessoas mais interessantes" (sic) que eles conhecem, ou que eu sou "o cara mais legal/divertido/engraçado do mundo inteiro" (sic), ou ainda que eu sou "um rapaz inteligente e perspicaz" (sic)... ou, pior, que não entendem "por que uma pessoa como eu não arranja ninguém".
Isso me cansa, gente.
E sei que não sou o cara mais foda do universo, mas sei que eu sou foda pacas! Eu conheço o meu valor e sei que não sou de se jogar fora! Mas eu tô cansado de só eu saber isso. Ou só amigos reconhecerem isso.

Meus amigos não vão me beijar numa noitada.
Meus amigos não vão me levar pra foder no motel.
Meus amigos não vão querer ver filme agarradinho comigo.
Meus amigos não vão construir nenhuma espécie de relação romântica comigo!

Parece que minha 'metralhadora tá cheia de mágoa'.
E está mesmo! Cansei de competir com os homens ideais.
De que me adianta ser tão legal, se ninguém tá me comendo?
Ou, quando come, some!

Hoje, então, meu desconforto foi pior...
Eu estava na festa e encontrei um conhecido.
Um rapaz que conheci através de amigos.
Lembro do quanto fiquei encantado com ele, quando o conheci. Afinal, ele era medianamente bonito, alto, tinha um estilinho de beleza que eu gosto. E era inteligente. Tinha bom papo, era divertido. Pra mim, era um partidão!
E toda santa vez em que eu estava junto dele, eu sempre ficava com essa sensação estranha de que ele meio que se sentia atraído.
Inclusive, teve uma certa festa em que ele não tirava os olhos de mim.
Era muito estranho conversar com um cara teoricamente heterossexual que te olha fixamente, que te dá sinais de que, a qualquer momento, ele vai chegar mais perto e te agarrar...

Depois de alguns meses e alguns programas junto com amigos, surgiu o tal do orkut (sintam como isso tme tempo) e ele era um dos seis amigos que eu tinha no orkut, há mais de 3 anos! E eu descobri que lá tinha uma ferramenta de paquera. Funciona assim: você coloca o perfil de alguém na sua lista de paqueras, mas a pessoa não fica sabendo. Ela só ficará sabendo se ela também te colocar na lista de paqueras dela: daí, o orkut faz a linha alcoviteira e manda uma mensagem para ambos, informando que um está na lista do outro e vice-versa.

E foi o que fiz... qual não foi minha surpresa ao receber um email do orkut, me avisando que eu estava na lista do carinha legal! Eu fiquei tão desconcertado que não sabia o que fazer. Entrei em contato com ele, disse que tinha recebido um email do orkut e perguntei se aquilo era sério. Ele simplesmente me pediu desculpas, disse que tinha feito aquilo porque ficou curioso em saber quais amigos e amigas dele tinham incluído ele na lista de paquera. Ainda bem que essa conversa foi toda por email, por que eu fiquei tãããããão envergonhado que não saberia o que dizer se estivéssemos cara a cara. Somente respondi que não tinha levado a mal a 'brincadeira' dele, mas que ele tomasse mais cuidado com os resultados da curiosidade dele, pois alguma pessoa menos madura ou menos cuca-fresca poderia se sentir magoada ou ofendida. Eu não contei pra ele, mas eu me senti muito frustrado com isso.

Depois disso, nesses 3 anos, eu nunca soube de nada dele que o entregasse.
Eu já estava convencido de que ele era heterossexual, que o lance era só pegar mulher mesmo (até porque, ele pegou mais da metade das mulheres do nosso grupo de amigos)...

... e, hoje, chego nessa festa mega alternativa, encontro com ele.
E ele me apresenta O NAMORADO. um homem. um namoradO, do sexo masculino!
Se por um lado eu devia ficar feliz por conta da eficácia do meu radar, eu forcei um sorriso, convivi com eles na festa, mas me sentia mal, sabem?

Ele me apresentou para o namorado: "esse é o ricky, o cara mais legal da face da terra"! E se debulhou em elogios sobre mim, sobre o quanto eu era inteligente, generoso, divertidíssimo, com uma cabeça über madura, centrado... e eu só conseguia pensar: "caralhos cravejados de diamantes, se eu sou tão legal, por que é que você nunca ficou comigo??", com uma mágoa de cabocla me comprimindo o peito.
Isso dói, tá!

O pior é que o namoradinho não é, assim, muito diferente de mim...
Pelo que pude notar, o cara é legal, simpatico, inteligente, tão cheio de predicados quanto eu. Em termos de aparência, traços físicos em geral, também somos semelhantes.
Só que ele me pareceu quase nada acima do peso... e eu estou gordo!
É isso?

Isso me transportou para um outro passado mais distante.
Quando eu me apaixonei pela primeira vez por um homem.
Eu só fui admitir que era apaixonado por ele uns bons 2 ou 3 anos depois que a paixão acabou. Mas sempre encarei isso como uma situação mal-resolvida em minha vida.

A gente se conheceu na faculdade.
Eu era graduando, ele estava tentando entrar pro mestrado.
Era um cara bonito, vejo hoje em dia que ele se encaixa em muitos fatores do tipinho de homem que eu gosto.

Naquela época, eu tinha tido apenas um namorado, nunca mais me envolvera com homens.
Mas ele me encantou. Era um cara viajado, era do Rio de Janeiro, era 3 anos mais velho. E era inteligente. Tinha bom papo, era divertido. Pra mim, era um partidão!

O engraçado é que estabelecemos uma dinâmica de amizade que mais parecia a de um casal. Primeiro, fazíamos muitas coisas juntos, desde cinema até noitadas. Ele nunca ficava com ninguém porque era noivo. E eu, porque não era bonito, porque era gordo...

Depois, com o estreitamento e a intimidade, a gente já discutia. Já se cobrava posturas e atitudes. Mas a parte 'romântica' da coisa nunca aconteceu. Até porque, por mais que eu estivesse envolvido por ele, eu não me SENTIA envolvido por ele. Nunca passara pela minha cabeça a hipótese de ter algo mais efetivo com ele. Nem mesmo quando a noiva terminou a relação com ele e ele foi correndo lá em casa me contar, super-triste, porém muito adulto e solene ao declarar que "foi melhor assim, a distância era grande"...

Quando ele acabou o mestrado, eu também tinha acabado a faculdade.
E, assim como ele, vim pro Rio.
O engraçado é que, aqui, no habitat dele, a gente nunca conseguia se encontrar.
Qualquer coisas que marcávamos era quase um parto pra acontecer.
Só aí é que fui me dar conta da falta que eu sentia.
No ano seguinte, fui entender que não era falta, tinha sido minha primeira paixão...
Paixão frustrada, diga-se de passagem.

Acabou que ele foi fazer um doutorado na Dinamarca e diminuímos bastante o contato.
Eram apenas conversas amenas no msn, relembrando histórias da época em que estávamos na mesma instituição, assuntando sobre pessoas, nos inteirando dos passos que cada um estava tomando no momento.

Eis que no carnaval do ano passado, eu estava feliz e sorridente dentro da Le Boy, me divertindo muito com as outras micheles que estavam presentes, e com vários outros amigos. Tava me sentindo poderoso, charmoso. Mesmo gordo, tava aproveitando o oba-oba do carnaval e já tinha beijado uns 6 caras na boate. Resolvi rumar com alguns amigos para a pista 2 da Le Boy...

Quando chegamos no lounge de entrada da boate pra seguir pra pista dois, quem eu vejo entrar? Sim, senhoras e senhores (des)leitores desse diário, era ele mesmo, o carinha da faculdade, minha primeira paixão!

Meu coração, que já estava acelerado, disparou num batimento absurdo quando ele me viu, abriu um sorriso cheio de felicidade e meio que correu pra me abraçar.

Quando ele me abraçou, eu sentia que o mundo podia se acabar, que eu nem estava me importando. Eu poderia ter morrido ali, que só aquele abraço, cheio de carinho, de saudade, de desejo mal-contido, seria o suficiente pra me permitir morrer feliz...

Conversamos bastante, mal desgrudados.
Mas a magia se quebrou no momento em que ele teve que sair pra se encontrar com um amigo que estava esperando por ele. Lógico que minha intuição aguçada já gritou que esse 'amigo' era pra ser entendido, no mínimo, como um 'pretê' (ou 'trepê').
Ou seja, fui trocado, deixado de lado, descartado como opção.
E, sim, o tal 'amigo', pelo que observei de rabo de olho (como se eu fosse uma heloísa maluca e possessiva) era uma dessas bichas lindas e estilosas, dessas que já nasceram ricas e fortes e com cara de ser nobre da família real...
Passei o resto da noite me sentindo um lixo radioativo

Estão percebendo?
Eu ilustrei aqui dois casos semelhantes.
Mas existem vários.
É praticamente um padrão que se repete na minha vida!
Ou eu deliro mais do que eu imaginava, ou eu francamente estou amaldiçoado com algum tipo de vodu que me joga num eterno deja vu de situações desconcertantes como estas!
E, como eu disse, eu estou cansado disso tudo...
Cansado de ser trocado, renegado, de perder, de me sentir um perdedor, um mal-amado, um indesejável.

Pra mim, só existe uma resposta: engostosamento!
Se não se pode vencê-los, junte-se a eles...
Cansei de ser legal, de ter valores, de ter princípios.

Eu vou fazer o meu caminho, de cama em cama, com quem me quiser.

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