Este é um diário de uma beesha alucinada, cheia de aventuras insanas e pensamentos desconexos, à base de remédio controlado e de porradas que a vida dá na cara!

Saturday, September 08, 2007

R.M. e o Roacutan

Da última vez que falei do uso do roacutan, falei do caso da E.N. e como sua auto-estima melhorou em muito quando a pele melhorou (e o cabelo idem).

Hoje, lembro também de um caso muito próximo. Um dos meus amigos, R.M., usou roacutan há cerca de 3 anos. E as mudanças que ele experimentou foram muito interessantes.

R.M. sempre foi muito reservado e tímido. Mesmo numa família de pessaos bastante 'falantes', todos são muito reservados em sua vida pessoal e até mesmo, de certa forma, avessos a demonstrações de afeto freqüentes ou consideradas 'despropositadas'.

Além disso, R.M. sofre desde criança com um problema de nascença, de caráter majoritariamente estético. Nada grave ou que comprometa sua integridade física. Mas que lhe resultou em tratamentos dolorosos e uma grande cicatriz que lhe exigiria mais dor, mais tratamentos estéticos e mais dinheiro.

Meu amigo, por conta desse probleminha, sofreu muito com a crueldade das outras crianças na época de escola, o que contribuiu para torná-lo ainda mais fechado e circunspecto.

Depois disso, veio a adolescência e, é claro, surgiram as espinhas gigantes e os cravos, pra contribuir de vez na destruição da auto-estima do pobre rapaz. Seu consolo era a grande aceitação no círculo social da igreja que freqüentava. Lá, R.M. encontrara pessoas que eram sua amigas, apesar de sua cicatriz e de suas espinhas, apesar d esua aparência auto-definida como 'grotesca'. Acredito que a decisão de R.M. de se dedicar ao sacerdócio tenha se dado em função de todos esses fatores: uma infância como pária, a rejeição romântica/sexual em sua adolescência, seus problemas de auto-estima e timidez que o impedia de buscar relacionamento, aliada a uma fuga de sua tendência pouco evidente a homossexualidade.

Depois de algum tempo, R.M. percebeu que sua entrega ao sacerdócio era apenas uma fuga e, à sua maneira, decidiu lutar por seu espaço e para ser aceito, especialmente por si mesmo.

Assumiu para si mesmo sua atração por homens e passou a notar que, apesar das espinhas e da cicatriz, possuía outras características positivas. E concentrou seus esforços em fortalecê-las. Nos conhecemos nessa época, num chat de internet, através de um amigo em comum. Logo me identifiquei com ele, 'a pair of misfits', como disse, certa vez, a katerine hepburn de cate blanchett em 'o aviador'. R.M. me impressionou por sua inteligência, sagacidade, clareza de pensamento e maturidade, apesar deste último quesito ser realmente comprometido por sua pouca experiência em termos de relacionamentos amorosos. Também me chamou a atenção a cicatriz e o estrago que a acne fazia em sua pele. Mas, sinceramente, não era nada que eu não fosse capaz de deixar de lado, caso levássemos adiante a tensão sexual que nos dominava.

O caso é que R.M. ainda se deixava incomodar por tais questões de aparência. se a cicatriz demandaria um esforço doloroso, as espinhas era mais fáceis de resolver. E foi assi que, depois de mais de um ano tratando sua acne com creminhos, pomadas e alguns ácidos, R.M. se entregou ao roacutan.

O primeiro mês foi uma espécie de ajuste. Começou com uma dose diária de 10mg. e foi aumentando progressivamente. No segundo mês, subiu para 20mg diários (dois comprimidos de 10mg). No terceiro mês, 30mg (três drágeas de 10mg). Do quarto ao sexto mês, dois comprimidos ao dia, de 20mg cada, totalizando uma ingestão diária de 40mg.

À medida que as doses eram aumentadas, os efeitos colaterais se evidenciavam. R.M., inicialmente, apresentava rubor. Assim que o rubor sumiu, começou a apresentar ressecamento de mucosas e descamação de pele. Na época dos 40mg diários, não havia mais secreção nasal e ele tinha que utilizar soro fisiológico no nariz com freqüência, para evitar sangramentos. Os lábios racharam de tal maneira que ele teve que abandonar a manteiga de cacau e avançar em pomadas como Bepantol e Nebacetin. Mas a melhora em sua pele já se tornara visível: já não havia mais aqueles comedões enormes e a quantidade de cravos havia diminuído.

Após isso, fez-se uma pausa de 3 meses, para avaliação, acompanhamento da evolução do tratamento etc. Daí, foram mais 6 meses do mesmo martírio descrito acima.

Depois de um ano, por questões de manutenção, R.M. voltou a usar o roacutan, por 6 meses, mas apenas a 10mg diários.

E, hoje, a melhora na pele de R.M. é notável. Ainda há algumas manchas e marcas dos anos de espinhas no rosto, mas nada que o tempo e umas boas sessões de peeling não dêem jeito.

O mais interessante é notar também a mudança de atitude de R.M. com a melhora em sua aparência. Ao perceber a mudança, um rosto mais limpo, as costas sem espinhas, o peito livre de comedões, ele começou a se achar menos repulsivo. Sua auto-estima foi trabalhada de tal forma que, atualmente, R.M. tem consciência de que, além de ser um cara interessante e cheio de predicados (sagacidade, alegria) também é bonito. Tornou-se mais aberto, mais expansivo. É claro que ele ainda fica ressabiado e não leva muita fé que algum cara do time dos 'bonitões' esteja mesmo dando mole pra ele quando saímos, mas ele reconhece que o roacutan foi um fator decisivo na sua mudança de pensamento, sobre sua aparência e sobre o seu modo de encarar a vida.

Esse exemplo de R.M., um exemplo tão próximo da minha realidade e no meu convívio, foi um dos grandes incentivos que recebi quando decidi usar pro roacutan.

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