Este é um diário de uma beesha alucinada, cheia de aventuras insanas e pensamentos desconexos, à base de remédio controlado e de porradas que a vida dá na cara!

Saturday, November 10, 2007

Garota Interrompida

Apesar dos percalços, meu tratamento com o rocautan ia de vento em popa!
A cada dia que passava, eu lidava melhor e melhor com os efeitos colaterais.
E mais: estava controlando superbem a minha agressividade, minhas mudanças de humor.
E mais ainda: tava me sentindo bem, me sentindo feliz, com aquela ótima sensação de star fazendo algo de muito bom por mim, aquela satisfação de cumprir algo muito fantástico.

E veio a porrada!
Falei sobre ela num post anterior. E realmente fiquei mal.

Por causa da doneça no testículo, tive que parar o uso do roacutan, em janeiro de 2007, para não conflitar com o uso dos antibióticos. Passado o problema, eu tive que continuar sem o roacutan por mais 2 meses, tempo em que se tentava descobrir o que era que eu tinha no testículo.

E, daí, veio a cirurgia, a remoção do testículo, a substituição por uma prótese - bastante realista, a ver não parece - e mais vááááários meses de recuperação. Tudo isso sem tomar roacutan.

Afora todo o conflito piscológico e emocional para aceitar essa ferida pulsante na minha virilidade e masculinidade - o medo de ter problema no outro testículo, da esterilidade, da queda da testosterona etc. - ainda me sobrva uma triste e persistente sensação de destruição de todo o esforço que eu estava fazendo (e que já tinha feito) pra me sentir melhor comigo mesmo, para melhor minha aparência e meus sentimentos. Eu me sentia caminhando para trás o sobro dos passos que dei para frente.

E fiquei mal, porque eu não podia fazer exercícios, não podia caminhar mais que 200 metros, não podia nem usar as escadas no trabalho e no prédio, tamanho era o grau de complexidade da cirurgia.

Eu sentia como se tivessem roubado um pedaço da minha vida. Queria poder apagar todo aquele sofrimento. Minha vontade era pegar 2007 e jogar todo no lixo e pedir um outro 2007, em que as coisas dessem mais certo - ou menos errado!

Mas, aos poucos, fui retornando minha rotina, retomando meus exercícios e mentalizando as coisas de maneira diferente: mais sóbria, porém mais coerente e sadia.

Depois dessa cirurgia e do período de trevas que a seguiu, me senti quase que como renascido. Após o susto da perspectiva de morrer de câncer aos 29 anos, descobrir e aceitar que só sacrifiquei um testículo para não morrer de septicemia foi como se eu tivesse recebido uma nova chance, uma nova vida. Eu nasci de novo no meu aniversário de 30 anos!

E saí dessa com uma nova perspectiva, com um 'carpe diem' gritando dentro de mim! Não que eu tenha deixado de reclamar das coisas e das pessoas, mas parei de me preocupar com isso. E descobri que a razão primordial de eu buscar tantas mudanças não foi só a minha insatisfação com o modo como eu era (des)tratado pelos objetos do meu desejo... mas sim por uma necessidade muito grande de mudar para melhor. De mudar de dentro pra fora e de expressar isso!

E foi com essa vontade enorme de viver a minha vida que contei os dias para retornar ao roacutan, ao meus planos de melhoria física - porque a mental/emocional já estava caminhando, com a boa ajuda do meu psicólogo R.F.P.!

Desde agosto, vivi esses meses retomando os mesmos efeitos colaterais (um pouco menos intensos do que da primeira vez), mas com um sabor diferente... e muito melhor!

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