Este é um diário de uma beesha alucinada, cheia de aventuras insanas e pensamentos desconexos, à base de remédio controlado e de porradas que a vida dá na cara!

Tuesday, December 05, 2006

E.N. e o Roacutan

A primeira vez que tomei contato com o Roacutan foi com E.N., uma querida amiga da faculdade. E.N. era uma garota negra, franzina, na época não muito bonita, mas com um coração de ouro altamente acolhedor. Ainda estava enfrentando o final da revolta adolescente e lidava mal com a rejeição que sofria por parte dos garotos. E.N. tinha uma tendência a se depreciar com facilidade, a cair em armadilhas de depressão. Sua auto-estima era baixa e o estresse da faculdade só piorava seu humor e suas espinhas.

Achei interessante como o roacutan mudou a vida dela. Era como um pontapé inicial para uma nova fase. E.N., com o tratamento com roacutan, passou a cuidar também mais de si mesma, investindo em roupas mais bonitas. Deixou o cabelo crescer e gasta até hoje rios de dinheiro com a manutenção. Mas o mais interessante foi a mudança no seu comportamento, suas atitudes com relação à vida, à sua própria vida.

Hoje em dia, E.N. está vivendo um momento muito bom: está se sentindo bonita, tem um bom emprego e, mesmo não tendo namorado, não se importa mais tanto com a rejeição. E sua pele está uma beleza. E ela mesma admite que a mudança começou mesmo quando ela se percebeu de outra forma, com o roacutan.

Assim como E.N., conheço vários outros amigos e colegas que melhoraram a sua auto-estima cuidando mais de si, muitos deles fazendo uso do roacutan. Falarei deles mais tarde.

O que quero salientar é que, nos tempos em que vivemos, não dá pra deixar de correlacionar uma parcela de nossa felicidade com a questão da (auto-)imagem. Porque, hoje em dia, parece que o velho ditado foi desmentido e beleza põe mesa sim, senhor!

Parece que cada vez menos importa o que as pessoas têm por dentro e mais o seu exterior. Espera-se cada vez mais que as pessoas sejam bem-cuidadas, bem-apessoadas, que gastem tubos de dinheiro em tratamentos cosméticos e estéticos, numa ânsia cada vez maior por perfeição.

O mais escroto disso tudo é que os valores morais e sociais estão perdendo rapidamente e o que parece ser mais valorizado são mesmo os valores estéticos. Fico pensando porque E.N. tinha sido "maltratada" e não era valorizada (pelos outros e por si mesma) quando era mais nova e mais feia, já que ela era inteligente, esperta, divertida e sempre teve fortes valores morais!

Ela precisou passar por um tratamento estético pra poder ser notada e apreciada...

Reconheço que o tratamento fez muito bem a ela, mas não podia ter aprendido a se amar mais ANTES de ficar esteticamente bonita?

Acho muito cruel que tenhamos que perseguir padrões de beleza que nos são impostos, e que façamos nossa felicidade depender disso...

Talvez seja por isso que minha existência seja tão complicada, me debatendo entre me valorizar pelo que eu sou e a busca por me adaptar a uma realidade (estética) que não é a minha!