Este é um diário de uma beesha alucinada, cheia de aventuras insanas e pensamentos desconexos, à base de remédio controlado e de porradas que a vida dá na cara!

Monday, July 16, 2007

Duas coisas distintas

Ontem foi um dia engraçado...

Minha mãe veio me perguntar se eu era homossexual.
Respondi que não.
E não menti, porque essem rótulo de homossexual se aplica àquelas essoas que sentem atração apenas por pessoas do mesmo sexo.
Como eu ainda sinto atração por algumas mulheres, creio que isso me caracteriza como bissexual.

Tenho duas linhas pra seguir com esse post.

A primeira delas diz respeito a minha mãe.
A gente tem um relacionamento medianamente franco. Uso com ela aquela teoria de que "o que os olhos não vêem, o coração não sente". Nem o que ouvem os ouvidos o atingem. Então, eu já sou normalmente reservado no que tange a minha vida íntima, com ela tenho mais reservas ainda.
Como ela nunca participou dos meus sofrimentos e paixões, seja por homens ou por mulheres, ela nunca soube desses sentimentos. No mínimo, para ela, eu sou um desses freaks que gostam de ser sozinhos e são assexuados. Mas não é assim... só que não tenho coragem nem ânimo de desfazer essa idéia errônea dela.

Minha mãe já passou por muitas decepções na vida dela.
Apesar da minha vida torta, eu sou uma de suas maiores alegrias.
Em comparação com meus irmãos, eu sou o filho que 'deu certo'.
Tenho formação acadêmica, um trabalho de boa remuneração que garante meu sustento, sou independente, inteligente, esperto, educado e, mesmo com vários defeitos, sou cheio de predicados.
É muito difícil desapontar uma mãe, sobretudo quando você é o porjeto mais bem-sucedido dela...

A segunda linha é uma pequena reflexão a respeito do duplo preconceito que os bissexuais enfrentam. As pessoas não costumam perceber que o fato de você ser enquadrado dentro de um "gueto" não significa que, necessariamente, você vá realmente se enquadrar e que você não vá sofrer mesmo nenhum tipo de preconceito.

Às vezes, aqueles que são vítimas do preconceito podem ser ainda mais preconceituosos que seus 'opressores'.

Eu já reparei que, além do preconceito que os gays sofrem, como 'marginalizados' pela sociedade (aquela velha história do "amor que não oua dizer o seu nome") por ser um tabu e muitas vezes ser considerado anormal, dentro do próprio mundo gay há uma série de discriminações e preconceitos. Os feios, os magrelos, os gordos dão discriminados. Mas grande parte da discriminação se volta a duas categorias: os afeminados e os bissexuais.

Os primeiros, são discriminados porque não são masculinos.
Os segundos, meu caso, são discriminados porque são entendidos em sua maioria como indecisos, como pessoas que não escolheram ainda se querem ficar com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto. Como se as pessoas fossem obrigadas, em algum momento, a definir que SÓ PODEM ficar com homens OU com mulheres.

A idéia ultrapassada de que não é certo sentir atração pelo mesmo sexo, em seu cerne, é a mesma concepção errônea que tenta limitar o desejo sexual de uma pessoa por um tipo determinado de gênero.

Eu acho muito amplo e confortável poder ficar com quem eu quiser, homem ou mulher. E acho que é muita burrice, é ter uma mente muito obtusa quando se tem ciúmes dobrados de um(a) namorado(a) só porque ele(a) é bissexual.

É assustador como os discriminados, de certa forma, reproduzem em outros a repressão/opressão a que são submetidos...